Lição 4 - Despenseiros dos Mistérios de Deus

Despenseiros dos Mistérios de Deus


TEXTO ÁUREO

"Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus"
(1 Co 4.1).


VERDADE PRÁTICA

Deus não precisa da ajuda humana, mas permite que seus ministros participem da realização de seus eternos propósitos.
HINOS SUGERIDOS 409, 602, 605


LEITURA DIÁRIA

Segunda
1 Co 3.9
Os ministros da Palavra são cooperadores de Deus
Terça
2 Co 8.23
Os ministros da Palavra são embaixadores de Deus
Quarta
Fp 3.17
Os ministros da Palavra devem ser exemplo em tudo
Quinta
2 Tm 3.17
Os ministros da Palavra devem buscar a perfeição
Sexta
2 Tm 2.15
Os ministros da Palavra devem ser aprovados
Sábado
1 Ts 2.19,20
Os ministros da Palavra e seus frutos



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Coríntios 4.1-5, 14-16.



INTERAÇÃO

Caro professor, inicie a aula trabalhando o tema da lição. É importante que seus alunos tenham uma noção clara do assunto central que irá ser desenvolvido durante a aula. Pergunte a eles que "mistérios de Deus" são estes mencionados pelo apóstolo Paulo. Onde eles estão revelados? No Evangelho? Por que não foram revelados nos tempos do Antigo Testamento? Depois, peça ainda que façam uma breve redação (no máximo cinco linhas) sobre o que imaginam ou conseguiram captar na simples leitura do tema.


OBJETIVOS

Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:
Explicar o termo "mistério" na Bíblia.
Considerar os juízos citados por Paulo.
Descrever a missão dos ministros de Cristo.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Para que sua classe participe ativamente nas aulas, mantenha a seqüência da regra didática: explanação, demonstração e aplicação. No Manual da Escola Dominical, CPAD, em referência às leis do ensino e da aprendizagem, você verificará que o aluno normal aprende: quando motivado, quando gosta, necessita, vê fazer (pela demonstração e exemplo), e também quando tem a oportunidade de fazer. Portanto, leia o enunciado abaixo e faça com seus alunos a atividade sugerida.
"A missão de Paulo para pregar o evangelho foi constituída sobre quatro elementos: serviço, mordomia, fidelidade e sensibilidade aos juízos de Deus".
Escreva esses elementos no quadro-de-giz, e depois, peça a seus alunos que estabeleçam a relação entre eles, observando o contexto geral da lição.


COMENTÁRIO


INTRODUÇÃO

Palavra Chave:
Fidelidade
Qualidade de fiel; lealdade; constância, firmeza, perseverança.


Quem são os verdadeiros ministros de Cristo segundo a Bíblia? Como identificá-los? Quais são suas qualidades? Qual é a sua missão? No versículo 1 da Leitura Bíblica em Classe, Paulo ao destacar o papel do obreiro cristão, emprega dois vocábulos traduzidos por "ministro" (hyperetes) e "despenseiro" (oikonomos). O primeiro refere-se ao remador de um navio da época, que remava abaixo da linha da superfície. Seu trabalho era volumoso, pesado e sempre sob as ordens de um chefe. A lição aqui comunicada é de subordinação aos superiores, trabalho e humildade. O segundo diz respeito a um servo administrador de uma casa ou propriedade. É a lição da fidelidade, capacidade e responsabilidade.

I. OS VERDADEIROS MINISTROS DE CRISTO

1. São chamados pela vontade de Deus. Só os autenticamente chamados por Deus devem, de fato, exercer o ministério evangélico (Hb 5.4). Paulo tinha plena convicção de que fora separado por Deus para pregar sua Palavra: At 13.2; Rm 1.1; Gl 1.15. "Fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado" (1 Ts 2.4). Quem exerce o santo ministério sem a direta convocação do Senhor - o dono da obra - é um intruso, e quanto mais cedo desistir, melhor, pois está profanando as coisas santas.
2. Têm senso de responsabilidade ministerial. Um genuíno obreiro de Cristo tem acurado discernimento espiritual. Ele sempre age com o objetivo de obter um bom testemunho (1 Tm 3.7). A vida do ministro de Deus precisa ser observada, respeitada e aprovada não só pelos descrentes, mas, especialmente, pelos irmãos em Cristo (3 Jo v.12).
3. São piedosos e íntegros. O verdadeiro ministro de Cristo vive uma vida digna, não só diante de Deus, mas também dos homens (2 Co 8.21; 1 Tm 6.11,12). Comporta-se de modo honroso no trabalho, na vizinhança e na família, sem escândalos. Assim como o profeta Elizeu, pode ouvir dos que o cercam: "Este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus" (2 Rs 4.9). A santidade é um imperativo na vida do obreiro.
Um bom ministro de Cristo não apenas ordena, mas, em tudo é o exemplo para o rebanho, no seu comportamento, nas orações, nos dízimos e ofertas etc. (Hb 7.8,9; Ml 3.10).
4. São comprometidos com a Palavra de Deus (2 Tm 2.15; 4.2). Isto é, pregam a Palavra de Cristo e não "palavras persuasivas de sabedoria humana" (1 Co 2.4). O servo do Senhor não deve enxertar seus sermões com retórica política, comentários da mídia e psicologia popular.

SINOPSE DO TÓPICO (1)
A vida do ministro de Deus precisa ser observada, respeitada e aprovada não só pelos descrentes, mas, especialmente, pelos irmãos em Cristo.


REFLEXÃO
"O Altíssimo dá obreiros à Igreja, mas não dá Igreja aos obreiros como propriedade sua para fazer o que deseja e como quiser."


II. A MISSÃO DOS MINISTROS DE CRISTO

A missão de todos os chamados por Deus para realizar sua obra, especialmente por meio da pregação do evangelho, apóia-se em três pilares:
1. Serviço. Na vida secular entendemos a palavra ministro como um título de alguém que ocupa um alto cargo no governo com elevada autoridade: Primeiro Ministro, Ministro da Economia, Ministro de Educação e, assim por diante. Todavia, o termo ministro no âmbito bíblico-eclesiástico, conforme descrito no Novo Testamento, refere-se a um servo, serviçal, prestador de serviço, ministrador, assistente, atendente, como em 1 Co 3.5; 2 Co 6.4 (diakonos); Rm 15.16; Hb 8.2 (leitourgos); At 26.16; 1 Co 4.1 (hyperetes).
Todo servo no trabalho do Senhor é pequeno, humilde, seja qual for a sua posição. Só o Eterno é infinitamente grande. Se alguém pensa que é grande, não é nada diante dEle!
O verdadeiro servo de Deus não tem vontade própria; seu prazer e realização estão em fazer a vontade do Senhor, por amor, gratidão, e privilégio.
2. Mordomia. O apóstolo Paulo e seus companheiros de ministério não se consideravam donos da obra de Deus, mas mordomos do Senhor, isto é, "despenseiros dos mistérios de Deus" (v.1), ou seja, aqueles que administram os negócios de seu Senhor.
O obreiro cristão, portanto, não é dono da obra, serviço ou trabalho que ele faz para Deus na Igreja. O Altíssimo dá obreiros à Igreja (Ef 4.11), mas não dá Igreja aos obreiros como propriedade sua para fazer o que deseja e como quiser.
A Igreja (At 20.28), o rebanho (1 Pe 5.2) e a obra pertencem ao Senhor (1 Co 15.58).
3. Fidelidade. Fidelidade é um atributo de Deus. Ele é fiel (1 Co 1.9; 10.13; Ap 19.11). Não há dúvida de que esta é a qualidade primordial de um ministro de Cristo: "requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel" (1 Co 4.2; Mt 24.45). De nada adianta o obreiro pregar o evangelho e ensinar a Palavra, se ele é desobediente, displicente, e nem sequer pratica o que prega e ensina. É necessário que o servo seja fiel ao seu Senhor e à sua obra, diariamente. A verdadeira fidelidade revela-se em nossos atos cotidianos. Devemos cumprir a nossa palavra e promessas que fazemos às pessoas (Mt 5.37; Tg 5.12). Os olhos do Senhor estão à procura dos que são fiéis (Sl 101.6). Em Jeremias 48.10 encontramos um veemente alerta de Deus nesse sentido.

SINOPSE DO TÓPICO (2)
A missão dos ministros de Cristo consiste no serviço, na mordomia, isto é, na administração dos negócios de Deus e, sobretudo, em sua fidelidade.


III. MINISTROS DOS MISTÉRIOS DE DEUS

Que mistérios sãos estes? Conforme 1 Coríntios 2.7, são as verdades e doutrinas bíblicas da redenção e do glorioso futuro da Igreja do Senhor, desconhecidas no Antigo Testamento, mas reveladas por Jesus nos Evangelhos, e pelo Espírito Santo através dos escritores das epístolas do Novo Testamento: "Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória".

SINOPSE DO TÓPICO (3)
Os "mistérios de Deus" são as verdades e doutrinas bíblicas da redenção e do glorioso futuro da Igreja do Senhor, desconhecidas no Antigo Testamento, mas reveladas por Jesus nos Evangelhos.


IV. A AVALIAÇÃO DOS MINISTROS DE CRISTO (1 Co 4. 3-5)

1. O juízo dos outros (v.3). Paulo declarou que pouco se importava com a avaliação dos coríntios a respeito dele e do seu ministério. Ele não permitia que tais juízos influenciassem sua fé e conduta. Os Coríntios não estavam em condições de julgar os outros. Como um despenseiro de Deus, ele era diretamente responsável diante de Cristo. Nenhum obreiro deve julgar temerariamente seus pares. O Senhor, na sua vinda trará à luz as ações e os desígnios secretos de cada um. Então, cada um receberá a sua recompensa (v.5).
2. O juízo próprio. Paulo também não dependia de juízo próprio: "nem eu tampouco a mim mesmo me julgo" (v.3). O juízo próprio é perigoso porque a pessoa facilmente sanciona as suas próprias opiniões, aprova a sua própria conduta e acalenta seus próprios erros.
3. O juízo de Deus (v.5). Como servos do Senhor, Paulo e seus companheiros de ministério deveriam ser avaliados e julgados pelo seu Senhor e Mestre, e não pelos coríntios (vv.3-7). Não existe obreiro perfeito, mas também não existe congregação perfeita, como era o caso de Corinto. Arão, o ministro, fez a congregação de Israel pecar diante do Senhor (Êx 32). Todavia, a mesma congregação também fez Moisés pecar (Dt 1.37,38; 3.26; Sl 106.32,33).
4. O Juízo do Tribunal de Cristo (v.5). "Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor" (cf. 1 Co 3.13-15; 2 Co 5.10; Rm 14.10,12).
O que é, e como se dará esse juízo?
a) A Bíblia afirma que "todos", sem exceção, seremos julgados (2 Co 5.10; Rm 14.10,12).
b) Trata-se de julgamento e recompensa (ou perda de recompensa) das obras, trabalho, serviço, desempenho e testemunho cristão. Este fato acontecerá nos lugares celestiais, a saber, no Tribunal de Cristo.
c) O julgamento não diz respeito ao destino eterno do crente, mas às suas obras. O cristão jamais será julgado como filho de Deus (Jo 1.12,13; 5.24; Rm 8.1), mas o será como servo. Filho de Deus, no sentido de salvo pelo sangue de Cristo, só há um tipo, mas de servo, há vários. Isto será notório naquele grande dia!
São altamente solenes para todos os santos as palavras de Apocalipse 14.13, vindas do Espírito Santo: "E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam".
d) O Tribunal de Cristo é o dia da pesagem das nossas obras na justa balança de Deus (1 Sm 2.3). O Senhor julgará não somente os atos, mas também os motivos e meios que levaram a eles (1 Jo 3.15). Nossas ações, mesmo boas, mas com motivações erradas, egoístas, indignas, injustas e até antibíblicas serão severamente julgadas. Sete vezes nas cartas às igrejas, no Apocalipse, Jesus declarou: "Eu sei as tuas obras".

SINOPSE DO TÓPICO (4)
Ministros de Cristo não podem ser avaliados pelos outros, e nem mesmo por si próprios, mas unicamente pelo Senhor, o justo juiz.


CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos que a vitória dos israelitas estava condicionada à obedicência ao Senhor e à sua Palavra. Deus não apenas cumpriu as promessas que lhes fez no passado, mas assegurou-lhes novas vitórias no futuro. Se formos submissos ao Senhor e a sua Palavra, teremos as mesmas garantias, promessas e vitórias.


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO


Subsídio Doutrinário
"Juízo do homem, juízo próprio e juízo de Deus (4.3-5). Paulo declarou que pouco importava que avaliação os coríntios faziam dele. Ele era sempre compassivo, atencioso e gentil. Mas o apóstolo era quase que totalmente indiferente às reações dos homens em relação a si, quando se tratava da questão de pregar o evangelho. Tais juízos não tinham qualquer influência sobre sua conduta. A razão era simples: como um despenseiro ele era diretamente responsável diante de Cristo.
Paulo também não dependia de juízo próprio. Ele não podia se lembrar de nada em sua vida cristã que o condenasse. Nem estava ciente de qualquer coisa que pudesse ter contra ele ou contra o seu ministério. No entanto, Paulo não se sentia inocentado por causa de uma consciência limpa. Ele sabia muito bem que uma consciência não acusadora não indica, necessariamente, a isenção de alguma culpa. No caso de Paulo, a sua consciência limpa e a ausência de alguma condenação em particular, vieram como testemunho do Senhor.
Além disso, se Jesus Cristo é o Juiz final, os coríntios não devem julgar nada 'antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações' (v.5)."

(GREATHOUSE, W.M. Comentário Bíblico Beacon, VIII. Romanos a 1 e 2 Coríntios. RJ: CPAD, 2006, pp. 267-8.)


VOCABULÁRIO

Displicente: Descuido, descaso; desleixado, desmazelado.
Pilar: Coluna que constitui elemento vertical da estrutura de uma construção.
Solene: Que tem um tom enfático, formal, especial.


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

HORTON, STANLEY M. I e II Coríntios: os problemas da igreja e suas soluções. RJ: CPAD, 2003.
HOOVER, THOMAS REGINALD. Comentário Bíblico 1e 2 Coríntios. RJ: CPAD, 1999.

SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão, CPAD, no 38, p. 38.


EXERCÍCIOS

RESPONDA

1. Cite quatro qualidades dos verdadeiros ministros de Cristo.
R. Chamados pela vontade de Deus; responsabilidade ministerial; piedosos e íntegros; comprometidos com a Palavra de Deus.

2. Cite três pilares que devem sustentar os chamados por Deus.
R. Serviço, mordomia e fidelidade.

3. Explique o sentido da palavra mistérios em 1 Co 2.7.
R. São as verdades e doutrinas bíblicas da redenção e do glorioso futuro da igreja do Senhor.

4. Quais são os quatro juízos estudados na lição?
R. O juízo dos outros, o juízo próprio, o juízo de Deus e o Juízo do Tribunal de Cristo.

5. O que será julgado no Tribunal de Cristo?
R. As obras, trabalho, serviço, desempenho e testemunho cristão.


APLICAÇÃO PESSOAL

Sejamos, pois, fiéis no desempenho do labor que Deus nos dispõe e no emprego daquilo que nos confia - o evangelho, os talentos, nosso tempo, as finanças, as oportunidades e qualquer coisa que tivermos a nossa disposição. Almejemos recusar fielmente qualquer tentação de cultuar a nossa própria glória. Desejemos edificar com presteza a Igreja de Cristo para glória de Deus, sendo dignos de exemplo para os demais.
Aceitemos humildemente a exortação de Paulo em Romanos 13.12,14: "A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências".
Senhor, faze-nos servos fiéis!

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